Estranho, em um blog de comidas e bebidas, falarmos de jejum. Mas, é a quaresma e muitas religiões solicitam o jejum. No nosso caso, porém, vou ater-me apenas àquela situação de jejum absoluto, involuntário e obrigatório. Essa situação indesejável já foi muito bem estudada e trouxe importantes conhecimentos aos profissionais da área da saúde. Em 1970, um cientista chamado Cahill, publicou um trabalho clássico dizendo e provando que, um homem adulto com 70 quilos de peso, sem doença, porém em jejum absoluto, precisaria de 1800 calorias para viver. Como ele está em jejum, onde este corpo vai buscar a energia que precisa? Inicialmente, o corpo queimará o açúcar de reserva que temos no fígado. Depois, começa a produzir açúcar “queimando” as proteínas dos músculos e os triglicéridos das nossas gorduras. Alguns órgãos só funcionam bem com açúcar, principalmente, o cérebro, os glóbulos brancos e os vermelhos. Demora algumas semanas para esses órgãos nobres se adaptarem a viverem sem açucares e passarem a usar restos de gorduras chamadas cetonas.
Conclusão, quando ficamos em jejum, o nosso corpo “se vira” para continuar funcionando. Ele começa a queimar as nossas reservas, os músculos e as gorduras. Portanto, toda e qualquer dieta que preconizar uma ingesta inferior a 1500 calorias/dia, levará ao emagrecimento. Daí, a idéia de restringir a quantidade de caloria que ingerimos/dia. É claro, não estamos considerando as nossas atividades diárias. A maioria das pessoas já conhece o seu ponto de equilíbrio, isto é, o quanto ela precisa por dia para viver bem, sem engordar ou emagrecer. Em casos de abusos de um lado ou outro, precisa ser compensado o mais rapidamente possível! Para terminar esta parte do nosso texto, eu lembraria que se uma pessoa adulta, sadia, com atividade física programada há diversos anos, estabilizada em seu peso, de repente, acrescentar à sua dieta regular 2 colheres de arroz todos os dias, ele deverá ganhar em torno de 5 quilos após 1 ano.

Depois escreveremos sobre estratégias de emagrecimento.

Dr. Joaquim M. Spadoni, mestre em Nutrição e Cirurgia.