Pessoal, olha que notícia triste. O texto foi enviado por nossa querida colaboradora Graciela Olavarria Aquino.
El Bulli, atualmente o restaurante mais influente do mundo, servirá seu último jantar no dia 30 de julho. Na manhã seguinte, os chefs da Espanha acordarão para um universo radicalmente mudado.
Imagine uma frota sem um navio almirante, um sistema solar sem sol e saberá como será a culinária moderna espanhola sem a presença do El Bulli. Em uma só geração, ele ajudou a transformar a Espanha de um local distante da culinária em líder mundial e a cozinha de vanguarda de Ferran Adrià (termo que ele e outros chefs preferem a ‘gastronomia molecular’) tornou-se uma obsessão global entre jovens chefs.
A comida como arte de performance, transformada com magia e inteligência, é agora vista como o estilo característico dos restaurantes espanhóis modernos. Assim como Antoni Gaudí transformou a arquitetura do país e Pedro Almodóvar, seu cinema, Adrià redefiniu sua cozinha. Apesar de muitos chefs terem contribuído para a revolução gastronômica da Espanha, especialmente Juan Mari Arzak, Santi Santamaria e Andoni Luis Aduriz, foi a comercialização sustentada ousada e inteligente de Adrià que manteve a evolução.
“É impossível dizer muito sobre sua influência”, disse Carme Ruscalleda, chef na Catalunha, que tem seis estrelas Michelin em seu nome, mais do que qualquer outra mulher no mundo. (Ela falou em catalão; algumas entrevistas foram conduzidas com o auxílio de um intérprete.) “Ele foi o primeiro a dizer aos chefs da Espanha que devemos ter nossas próprias opiniões”.
Turistas do mundo todo vão à Espanha por causa da gastronomia, influenciados pelo místico El Bulli, muito embora apenas algumas centenas conseguiram comer lá a cada ano. Muitos chefs receiam que o fechamento do El Bulli será combinado à crise econômica europeia para gerar uma queda geral no turismo gastronômico.
“Não acho que a situação é boa”, disse Josep Roca, um dos irmãos donos do Can Roca, restaurante de destino localizado ao norte de Barcelona. “Receio que sem o El Bulli, certa dose de energia desaparecerá do cenário gastronômico daqui”.