EMAGRECIMENTO POR CIRURGIA
Supervisionei esta semana um seminário sobre Cirurgias Bariátricas, na Faculdade de Medicina da Universidade de Cuiabá. Acredito que as dúvidas que os alunos têm são muito parecidas com a da população em geral. Daí, escrever sobre este assunto neste espaço.
Emagrecer não é fácil. Muitas vezes, muito frequentemente, não se consegue emagrecer só com dietas e exercícios. Quando a expectativa é emagrecer 10- 15 quilos, o Balão Intragástrico pode ser a solução. Neste caso, através de uma endoscopia, coloca-se um balão de silicone cheio de soro fisiológico dentro do estomago. Ele ocupa espaço e dá saciedade precocemente. É quase sem riscos, rápido e prático. Custará em torno de 7-8.000,00 reais e dura por 5-6 meses.
As cirurgias mais famosas são a Fobi-Capella (nomes de médicos), a Duodenal-switch e, agora a Sleeve (a manga de uma camisa é chamada de sleeve em inglês). Na cirurgia de Capella separa-se uma pequena porção do estomago, do tamanho de uma chícara de café mais altinha e liga esta parte do estomago direto no intestino fino chamado íleo. Portanto, além da pessoa comer muito menos (uma chícara cada vez, diversas vezes ao dia) o que ele come é só em parte absorvido, pois, grande parte do estomago e do intestino fino ficam excluídos do trânsito intestinal. As vezes, coloca-se um anel na entrada do estomago, com a finalidade de evitar que ele dilate com o passar do tempo. É a mais usada ainda no mundo, com grande sucesso. A Duodenal-Switch é uma cirurgia que deixa uma porção maior de estomago, mas, logo no início do duodeno (início do intestino fino) é cortado e leva-se o estomago lá no íleo como na Capella. O paciente pode comer maiores volumes, porém, os alimentos não serão absorvidos totalmente. Tanto a Capella quanto a Duodenal-Switch se baseiam em restrição da ingestão e, também, na má-absorção dos alimentos. Isso, inevitavelmente leva à diarréias (5-8 vezes ao dia) com gordura e de cheiro mais forte. Essas cirurgias são as mais recomendadas para os grandes obesos. A cirurgia chamada Sleeve está ganhando espaço rapidamente entre os médicos. Retira-se uma grande parte do estomago longitudinalmente e é deixado um tubo de estomago de mais ou menos 2 (dois centímetros) de diâmetro. Com isso não se mexe no duodeno (os cirurgiões tem medo do duodeno), não se faz anastomoses (unir um intestino com outro), não tem diarréia e não há má-absorção dos alimentos. Emagrece menos, é fato. Porém, para quem precisa perder 30-40 quilos apenas, é suficiente. Menos riscos, mais rápida e menos desconforto social. Existem muitas outras técnicas, mas, são essas três cirurgias as mais realizadas hoje em dia.
Como recomendação final, quando for ser operado é melhor decidir antes qual a cirurgia mais indicada no seu caso. Somente após essa escolha, procure o médico que tem mais experiência com aquela técnica. Todos os cirurgiões são capazes de realizá-las, porém, cada cirurgião tem sua experiência e preferência por determinada técnica e ele pode desejar que você faça a cirurgia que ele gosta de fazer.
Dr. Joaquim M. Spadoni, mestre em Nutrição e Cirurgia.